terça-feira, 11 de dezembro de 2012



Anomalia do Atlântico Sul

28 de setembro de 2012 Prof. Cláudio BS - Observatório Nacional de Astronomia do Brasil

Estamos todos dentro do campo magnético da Terra, sem realmente perceber. Nós nos tornamos conscientes só quando usamos uma bússola para encontrar um caminho. Esta é a manifestação mais evidente de magnetismo terrestre, que existe há 3 bilhões de anos e é gerado 3.000 km debaixo de nossos pés pelas agitação do núcleo do nosso planeta de ferro líquido. Este núcleo faz com que a Terra pareça com um ímã gigante, as linhas magnéticas são organizados em uma base bipolar, em alinhamento com o eixo de rotação da Terra. Esse campo magnético é a magnetosfera, um escudo contra a radiação de partículas do espaço.





A magnetosfera nos protege do constante bombardeio que nosso planeta sofre com sua exposição ao Sol. Estima-se que o Sol lança para o espaço várias partículas de radiação, cerca de 1 bilhão de quilos de elétrons, prótons e outras formas de matéria densa por segundo. No Atlântico Sul este escudo é muito mais fraco do que em outros lugares do mundo e as radiação vindas do espaço penetram mais profundamente na atmosfera.
Esta região é conhecida como  Anomalia do Atlântico Sul ou Anomalia Magnética do Atlântico Sul (SAA), é um risco para satélites e aeronaves de grande altitude. O fluxo de partículas é tão elevado nesta região, que muitas vezes os detectores nos satélites deve ser desligado (ou colocado em  modo de “segurança”), para  protege-los  da radiação.  Aparentemente os efeitos sobre os seres humanos sobre a superfície do planeta, não são significativos (figura abaixo).

No momento, a força do campo magnético da Terra está diminuindo em 5% a cada cem anos e os pesquisadores não sabem por que ou quais serão as consequências. Na Anomalia do Atlântico Sul, a força do campo magnético está diminuindo 10 vezes mais rápido do que em qualquer outra região do planeta. A metade da América do Sul, incluindo quase todo o Brasil, está diretamente sob a Anomalia do Atlântico Sul.
O campo magnético da Terra tem tido muitos altos e baixos e reviravoltas em seu passado. A última reversão foi a cerca de 800 mil anos atrás. Esta configuração bipolar, no entanto, não é permanente. Ela varia com o movimento do núcleo líquido da Terra, e no passado, as posições dos pólos magnéticos  mudaram completamente. Esses fenômenos foram verificados por estudos paleomagnéticos sobre antigos basaltos vulcânicos. 



A  Anomalia magnética do Atlântico Sul (SAA) esta crescendo em extensão e esta pode ser a evidência inicial de uma inversão próxima do campo magnético da Terra. Não sabemos em detalhes exatamente o que ocorre durante tais reversões, incluindo as mudanças observadas no campo magnético e o tempo que uma reversão leva para se completar. No entanto, estes fatores são importantes para saber onde o risco de radiação pode ser aumentado e a forma como a magnetosfera pode ser afetada.
A entrada de radiação na atmosfera depende da atividade magnética e de radiação do Sol (vento solar) e da geometria do campo magnético da Terra. Assim, a compreensão do ambiente espacial, especialmente durante as tempestades magnéticas, é muito importante.
Igualmente importante é compreender as alterações ao longo do tempo no campo magnético observada em toda a superfície da Terra. 

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